sexta-feira, 24 de junho de 2011

FORTALEZA PROFUNDA

Fátima Mesquita - Secretária de Cultura de Fortaleza

O Nordeste é mais nordestino no mês de junho. Cidade e interior se irmanam para celebrar ao ar livre as chuvas e o sucesso das colheitas, de preferência com muita fartura à mesa. Sanfona, zabumba e triângulo dão o tom dos encontros. E a fogueira antes acesa para reverenciar os santos juninos hoje tende a ferver apenas no imaginário coletivo, simbolizando proteção e purificação, sobretudo do meio ambiente. Isso é o que chamamos de tradição. Ou da força de uma fonte que nunca seca justamente porque emana da camada mais profunda de nossa miscigenada formação cultural.

Em Fortaleza, o movimento quadrilheiro responde por todo o vigor e solidez de uma de nossas mais contagiantes e democráticas festas populares. Para respaldar esse esforço coletivo, a Prefeitura Municipal, através de sua Secretaria de Cultura (Secultfor), lança, pelo sexto ano consecutivo, um edital específico que premiou 72 quadrilhas e 24 festivais juninos, envolvendo recursos da ordem de R$ 350 mil. Abrindo a temporada junina, também realizou o Arraiá de Fortaleza, de 2 a 5 de junho, no Mercado dos Pinhões. E finda o mês legitimando os saberes e fazeres que cercam o rito da Festa de São Pedro, padroeiro dos pescadores.

A Festa de São Pedro se repete a cada 29 de junho, em agradecimento à fartura que também vem do mar, graças à bravura dos nossos pescadores e ao protetor de todos eles. Nesse dia, as velas do Mucuripe e da Barra do Ceará deixam de sair para pescar e reverenciam São Pedro. Na Praia do Mucuripe, particularmente, os fiéis se reúnem em torno da missa campal, para em seguida integrar a procissão de jangadas que leva a imagem do santo para alto-mar. Ao final da manhã, em seu andor, ele é reconduzido ao altar da igrejinha homônima, envolto em muita festa.

O ritual, que se repete desde 1932, é o primeiro bem imaterial de Fortaleza, registrado através do Conselho Municipal de Patrimônio Histórico e Cultural (Comphic). Assim, a Prefeitura reconhece e protege a vivência coletiva do trabalho, a religiosidade, o entretenimento e diversas outras práticas sócio-culturais intangíveis, mas de valor inestimável. Essas expressões são preservadas e protegidas em respeito aos antepassados e gerações futuras, fortalecendo valores e vivências que construímos coletivamente, além do nosso sentimento de pertença.

Instituído o marco legal, a Prefeitura de Fortaleza empodera a população para que ela se aproprie e também se responsabilize por mais um bem simbólico protegido em seu nome. A Festa de São Pedro dos Pescadores não é palpável ou material, mas é uma expressão própria do povo do lugar, uma prática que se repete espontaneamente e diz muito sobre a nossa cultura praieira. Que cada cidadão e cidadã se sinta responsável por esse patrimônio, defendendo sua vitalidade.

Fonte: Jornal O POVO (24.06.2011)

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Carta do II BlogProg

Desde o I Encontro Nacional d@s Blogueir@s Progressistas, em agosto de 2010, em São Paulo, nosso movimento aumentou a sua capacidade de interferência na luta pela democratização da comunicação, e se tornou protagonista da disseminação de informação crítica ao oligopólio midiático.

Ao mesmo tempo, a blogosfera consolidou-se como um espaço fundamental no cenário político brasileiro. É a blogosfera que tem garantido de fato maior pluralidade e diversidade informativas. Tem sido o contraponto às manipulações dos grupos tradicionais de comunicação, cujos interesses são contrários a liberdade de expressão no país.

Este movimento inovador reúne ativistas digitais e atua em rede, de forma horizontal e democrática, num esforço permanente de construir a unidade na diversidade, sem hierarquias ou centralismo.

Na preparação do II Encontro Nacional, isso ficou evidenciado com a realização de 14 encontros estaduais, que mobilizaram aproximadamente 1.800 ativistas digitais, e serviram para identificar os nossos pontos de unidade e para apontar as nossas próximas batalhas.

O que nos une é a democratização da comunicação no país. Isso somente acontecerá a partir de intensa e eficaz mobilização da sociedade brasileira, que não ocorrerá exclusivamente por conta dos governos ou do Congresso Nacional.

Para o nosso movimento, democratizar a comunicação no Brasil significa, entre outras coisas:

a) Aprovar um novo Marco Regulatório dos meios de comunicação. No governo Lula, o então ministro Franklin Martins preparou um projeto que até o momento não foi tornado público. Nosso movimento exige a divulgação imediata desse documento, para que ele possa ser apreciado e debatido pela sociedade. Defendemos, entre outros pontos, que esse marco regulatório contemple o fim da propriedade cruzada dos meios de comunicação privados no Brasil.

b) Aprovar um Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) que atenda ao interesse público, com internet de alta velocidade para todos os brasileiros. Nos últimos tempos, o governo tem-se mostrado hesitante e tem dado sinais de que pode ceder às pressões dos grandes grupos empresariais de telecomunicações, fragilizando o papel que a Telebrás deveria ter no processo. Manifestamos, ainda, nosso apoio à PEC da Banda Larga que tramita no Congresso Nacional (propõe que se inclua, na Constituição, o acesso à internet de alta velocidade entre os direitos fundamentais do cidadão).

c) Ser contra qualquer tipo de censura ou restrição à internet. No Legislativo, continua em tramitação o projeto do senador tucano Eduardo Azeredo de controle e vigilância sobre a internet – batizado de AI-5 Digital. Ao mesmo tempo, governantes e monopólios de comunicação intensificam a perseguição aos blogueiros em várias partes do país, num processo crescente de censura pela via judicial. A blogosfera progressista repudia essas ações autoritárias. Exige a total neutralidade da rede e lança uma campanha nacional de solidariedade aos blogueiros perseguidos e censurados, estabelecendo como meta a criação de um “Fundo de Apoio Jurídico e Político” aos que forem atacados.

d) Lutar pelo encaminhamento imediato do Marco Civil da Internet, pelo poder executivo, ao Congresso Nacional.

e) Fortalecer o movimento da blogosfera progressista, garantindo o seu caráter plural e democrático. Com o objetivo de descentralizar e enraizar ainda mais o movimento, aprovamos:

- III Encontro Nacional na Bahia, em maio de 2012.

A Comissão Organizadora Nacional passará a contar com 15 integrantes:

- Altamiro Borges, Conceição Lemes, Conceição Oliveira, Eduardo Guimarães, Paulo Henrique Amorim, Renato Rovai e Rodrigo Vianna (que já compunham a comissão anterior);

- Leandro Fortes (representante do grupo que organizou o II Encontro em Brasília);

- um representante da Bahia (a definir), indicado pela comissão organizadora local do III Encontro;

- Tica Moreno (suplente – Julieta Palmeira), representante de gênero;

- e mais um representante de cada região do país, indicados a partir das comissões regionais (Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e Norte). As comissões regionais serão formadas por até dois membros de cada estado, e ficarão responsáveis também por organizar os encontros estaduais e estimular a formação de comissões estaduais e locais.

Os blogueir@s reunidos em Brasília sugerem que, no próximo encontro na Bahia, a Comissão Organizadora Nacional passe por uma ampla renovação.

f) Defender o Movimento Nacional de Democratização da Comunicação, no qual nos incluímos, dando total apoio à luta pela legalização das rádios e TVs comunitárias, e exigindo a distribuição democrática e transparente das concessões dos canais de rádio e TV digital.

g) Democratizar a distribuição de verbas públicas de publicidade, que deve ser baseada não apenas em critérios mercadológicos, mas também em mecanismos que garantam a pluralidade e a diversidade. Estabelecer uma política pública de verbas para blogs.

h) Declarar nosso repúdio às emendas aprovadas na Câmara dos Deputados ao projeto de Lei 4.361/04 (Regulamentação das Lan Houses), principais responsáveis pelos acessos à internet no Brasil, garantindo o acesso à rede de 45 milhões de usuários, segundo a ABCID (Associação Brasileira de Centros de Inclusão Digital).

Brasília, 19 de junho de 2011.


terça-feira, 14 de junho de 2011

Jardim Japonês

Por trás da beleza do Jardim Japonês há histórias que precisam ser contadas. As árvores, as flores, o perfume , a beleza do Jardim dizem mais do que palavras e é preciso que todos saibam.

Fortaleza, abrigo de conterrâneos tangidos pelas secas inclementes, aqui plantando sementes regadas com seu suor, herança passada a nós, cabeças chatas vindos de todos os pontos dessa terra hospitaleira, humana, generosa.

Fortaleza, cidade hospitaleira, humana não só para nós, também para emigrantes vindos dos mais distantes países e que, conosco, aqui construíram seus lares e geraram filhos, novos conterrâneos de pele, olhos, línguas diferentes, mas não menos cearenses dos que nós aqui nascidos.

E formamos uma só gente, os “cabeças chatas”, outrora levados nas piadas, indiretas, mas sem os quais muitos Estados do sul e sudeste não teriam a pujança de agora... Os que nos escolheram como pátria e edificaram aqui a sua nação, se deram bem e formam fortes colônias de portas abertas para a grande família cearense...

Em 1923 aqui chegou um jovem japonês, Juzaku Fujita, com o sonho e o propósito de trabalhar e construir uma família, casando-se com dona Nenen, com quem teve 14 filhos, dos quais sobreviveram seis. Com a mulher trabalhou naquilo que é marca de seu povo: a terra e da terra colheu flores e com flores embelezou e perfumou Fortaleza. Naquela casa todos cuidavam do jardim e vendiam o produto de sua labuta. 

A estupidez da guerra nos fez também estúpidos: e muitos de nós, cegos pela ignorância e levados por agitadores que nos instigavam a destruir o que os novos patrícios plantavam com as mãos, o coração e a alma. A família de Juzaku Fujita sofreu calada e, mais uma vez, plantou o seu jardim... Jardim que hoje está ali, no Meireles, ornando a nossa cidade de beleza, flores, perfumes.

Vá ao Jardim Japonês e abra os olhos da alma: Juzaku e Nenen estão cuidando das flores...

Adísia Sá
adisiasa@gmail.com 
Jornalista

Fonte: Jornal O POVO

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Jean Willys De Frente Com Gabi - COMPLETO Parte 1

Sexualidade x envelhecimento


"O desejo do amor não cessa no indivíduo por nenhum decreto jubilatório"

Em muitos de nossa sociedade, vejo indivíduos que vivem na Era da Tecnologia e deixaram seus órgãos genitais na Idade da Pedra.

O potencial para o prazer erótico é desenvolvido desde o nascimento até a morte. No entanto, os efeitos da idade não servem para nivelar as respostas sexuais, pois essas mudanças acontecem de acordo com a história de vida de cada pessoa.

Os casais podem e devem aprender formas de utilizar diferenças e mudanças a fim de solidificar a intimidade e aumentar o prazer e a satisfação que um pode oferecer ao outro. Para Kaplan, as técnicas de fazer amor podem ajustar-se às necessidades de estímulo de cada um, e as relações conjugais podem ser enriquecidas com adaptações mútuas, generosas e sensíveis às mudanças do funcionamento sexual de cada parceiro.

A revolução sexual nos anos 60 determinou importantes mudanças no comportamento sexual da sociedade. Entretanto, por mais que pareçam ultrapassados, os valores morais, sociais e sexuais ainda estão vivos dentro de cada um, de forma muitas vezes camuflada, quando muitos adultos continuam presos à necessidade primitiva e infantil de negar a seus pais uma vida sexual e restringi-los a papéis puramente paternais. Sexo na terceira idade é assunto ainda muito difícil de ser abordado.

A idade não dessexualiza o indivíduo, mas a sociedade sim. É ela que estereotipa e veicula uma sexualidade ligada à imagem de corpos jovens e saudáveis. Impondo aos seus velhos a obrigatoriedade de apresentar uma disfunção orgásmica, de excitabilidade e principalmente de desejo. Para alguns, esta idade é sinônima de chinelos, pijama, descanso, aposentadoria, ausência de objetivos, perda da alegria e da autoestima, sensação de inutilidade, de assexualidade e até mesmo da sensação de “morte em vida”.

Por outro lado, felizmente, há quem diga que a “vida começa aos 40”. Tem se tornado evidente a existência de mais dinamismo, novos estímulos, participação social, cultural e política, e até uma construção diferente da vida e da relação com o tempo por parte das pessoas na terceira idade.

Precisamos estar conscientes de que o envelhecimento é um processo fisiológico, não é uma enfermidade. O amadurecer pode trazer limitações físicas, mas não deve limitar a qualidade de vida, pois se o espírito for estimulado florescerá continuamente, refletindo-se na expressividade corporal.

O desejo do amor não cessa por nenhum decreto jubilatório. Amor é desejo da alma que acompanha o corpo até o fim. Velhice não quer dizer renúncia ao amor. É, em verdade, a fase da vida em que mais amamos com desprendimento. A sexualidade humana, em qualquer idade, terá de ser sempre uma invenção do espírito e um desafio à própria finitude. Sem isso, ela pode perder-se na mesmice e não encontrar sua vocação maior, ou seja, a descoberta do algo mais, do mais além de nós mesmos. Esta dimensão será possibilitada pelo afeto, caminho que descobrimos de tornar o outro especial.

Procuremos descobrir em nós mesmos a sagrada chama do amor. Algumas vezes parecerá que acabou. Mas não; soprem as brasas, mesmo sob as cinzas, e as verão arder. O amor está em nós. Ele é a nossa própria alma.

Zenilce Vieira Bruno
Psicóloga, sexóloga e pedagoga

Fonte: Jornal O POVO


domingo, 5 de junho de 2011

Vou te matar de cheiro

TESTAGEM RÁPIDA - FIQUE SABENDO


         Acabo de passar por uma capacitação para Testagem Rápida de HIV oferecida pela Coordenadoria Municipal de DST, Aids e Hepatites Virais de Fortaleza.
A execução desta capacitação de profissionais de saúde para diagnóstico laboratorial, visa ampliar a cobertura de testagem na população, oferecendo o teste ao maior número de pessoas para que possam conhecer sua própria situação sorológica para o vírus HIV em mais locais do município de Fortaleza.
Os Testes Rápidos e Aconselhamento melhoram o combate às doenças sexualmente transmissíveis, diminuem os casos de diagnósticos tardios, detectam precocemente o HIV, potencializam as medidas preventivas e encaminham o portador para acompanhamento médico, diminuindo a evolução para a AIDS e o óbito, assim como a transmissão, principalmente a vertical (de mãe para filho durante a gravidez).
O teste é gratuito, sigiloso e confirmatório. O resultado se dá em apenas 30 minutos. A facilidade do teste rápido não é preventiva e sim medida de diagnóstico, portanto, no aconselhamento, reforçamos a necessidade dos cuidados para evitar a infecção pelo vírus. Outra ponderação é sobre o tempo da última exposição de risco. Se essa exposição tiver menos de dois meses, o organismo não terá produzido os anticorpos contra o HIV e o indivíduo estará na janela imunológica, descartando a eficácia do teste.
Uma pequena gota de sangue é utilizada para detectar os anticorpos contra o vírus. O acesso facilitado ao teste anti-HIV, dá as pessoas a possibilidade, caso descubram ser soropositivas, de iniciarem o seguimento clínico muito mais cedo, aumentando a chance de ter uma melhor qualidade de vida e evitando contaminar outras pessoas.
Atualmente a solicitação do teste anti-HIV já é rotina no pré-natal, nos casos de tuberculose e quadros de doenças com dificuldade de diagnóstico.
O Centro de Testagem e Aconselhamento Carlos Ribeiro oferece à população além dos Testes Rápidos, o exame para detecção de Sífilis e Hepatite, e em casos de diagnóstico positivo (HIV+), o paciente terá acesso precoce e assistência adequada.
Os portadores do vírus são acompanhados e tratados pela rede municipal de saúde de Fortaleza nos Serviços de Atendimento Especializado em HIV/Aids, num total de quatro:
CEMJA (Centro de Epecialidades Médicas José de Alencar) – Centro
Hospital Distrital Gonzaga Mota – Messejana 
Hospital Distrital Gonzaga Mota – José Walter
Hospital Nossa Sra. da Conceição – Conjunto Ceará

As noções de práticas de sexo seguro e preventivos serão reforçadas em caso de diagnóstico negativo (HIV-).        
Para fazer o teste, procure o Centro de Testagem e Aconselhamento Carlos Ribeiro no Jacarecanga, ou nas Campanhas Fique Sabendo nos Postos de Saúde. E não esqueçam: A camisinha é a melhor forma de proteção.