
Estamos em meados de 2012 e esse ano ficou marcado para mim por questionamentos sobre o papel da mulher.
Iniciou com a aprovação do projeto de lei da dep. Luiza Maia proibindo a contratação de bandas que desqualifiquem a mulher. Um avanço para um carnaval recheado dessas músicas que são verdadeiros acintes a dignidade da mulher no Axé, Forró eletrônico, funk e outros ritmos.
Em março, o dia internacional da mulher foi comemorado de forma que me deixou intrigada. Uma forte ligação na figura feminina ligada a maternidade, a rosas, a estereótipos femininos de gênero que a meu ver em nada contribui para a luta das mulheres. Afinal essa data foi criada para marcar a luta e resistência das mulheres por condições de vida mais dignas.
No mês de maio o dias das mães, uma data extremamente comercial, acentuou cada vez mais o papel da mulher doméstica, do lar, do espaço privado, como se mãe com o “padecer no paraíso” e a obrigação de cuidar fosse condição para a maternidade.
A reflexão sobre a maternidade e a paternidade, a função biológica e social dessas condições ainda é tabu em nossa sociedade onde a reprodução da opressão de gênero é dominante.

Em junho fui a tradicional festa de Santo Antônio em Barbalha. Festa de grande efervescência cultural e fiquei feliz em ver a perpetuação da cultura popular muito viva nas tradições do Cariri.
Bandas de pífano, caretas, penitentes e o carregamento do pau da bandeira, dão um toque muito especial à festa.
A forte ligação de Santo Antônio, considerado o santo casamenteiro, a barraca das solteironas, hoje tem mais um componente folclórico e jocoso que rituais de fé.
A festa foi linda, me senti muito bem vivenciando esse caldeirão cultural, mas o que mais me agradou foi após o cortejo, ver as mulheres do Cariri, puxarem a Marcha das Vadias. Como foi gratificante ver uma região geográfica onde a violência contra as mulheres é ainda tão acentuada, ver a organização das mulheres feministas puxarem a Marcha sensibilizando a todos com palavras de ordem que retratam a luta das mulheres por igualdade de gênero.
“Eu só quero é ser feliz, andar tranquilamente com a roupa que eu quiser e poder me assegurar que de Burca ou de Shortinho todos vão me respeitar”
" O corpo é meu, a cidade é nossa"
"Meu corpo, minhas regras".