Sou mais um caso de êxodo rural. Em tempo algum reneguei minhas origens de cabocla do Retiro, distrito de Itapagé, e hoje Tejuçuoca. Me considero privilegiada por ser Tejuçuoquense, Itapageense e Fortalezense. Saí de minha terra e aqui aportei em 1979 para estudar no Colégio Redentorista e morei na Parquelândia até 1982, quando já universitária fui morar no Benfica.
Foi nesta cidade de contrastes onde pude desfrutar da alegria de viver desse povo acolhedor, celebrativo e combativo. Na época existiam duas universidades públicas UFC e UECE e apenas uma particular, a UNIFOR onde me graduei em Fisioterapia.
Acompanhei o crescimento desordenado, o aumento das desigualdades sociais e da violência, mas tive o prazer de ver e aprender com esse povo a disposição para a luta e a rebeldia. O lado jocoso e a vocação para o humor também me chamou a atenção, pois nos anos 80 ouvia um programa na rádio O POVO que fazia paródia com os buracos da cidade, salvo engano era com o Cláudio Pinheiro.
Em 1989 me casei e vim morar no “distrito simpático” Parangaba. Meu marido e minhas duas filhas apenas me tornaram de direito o que eu já me considerava de fato, ser fortalezense.
Nestes 21 anos, as mudanças foram muitas. Fortaleza “inchou”, pois, como eu, muitos vieram para essa cidade. Por muito tempo minha vida se reduziu ao condomínio na Parangaba, a Parquelândia onde tenho parentes e a Aldeota-Meireles-Edson Queiroz onde também tenho parentes e opções de lazer.
Certa vez fui ao centro com uma filha e uma amiguinha e qual não foi a surpresa quando a mesma ao ver uma pessoa conhecida, falou: - Que mico, fui vista no Centro! Nesse momento percebi o quanto minhas filhas estavam crescendo sem conhecer Fortaleza e resolvi mudar o rumo. Procurei freqüentar o menos possível os shoppings e busquei diversificar as opções de entretenimento.
Hoje as duas são estudantes da UECE, andam de ônibus, participam de eventos públicos, interagem com a cidade como a maioria dos seus moradores.Eu ainda ajudo a “engarrafar” o trânsito ao priorizar o carro, mas pretendo vencer o medo e utilizar mais ônibus e bicicleta. Aguardo o funcionamento do metrô e estou trabalhando próximo de casa para evitar maiores problemas de mobilidade.
De uma família de quatro irmãos, somente eu me radiquei definitivamente nesta cidade que me acolheu de braços abertos, e foi em Fortaleza onde vivi e vivo o melhor de mim, afinal aqui cheguei no início da adolescência cheia de sonhos e foi aqui que realizei muitos deles.
Amo esta cidade e é aqui que desejo viver. Gosto de viajar e mais ainda de sentir que sempre estarei de volta para a bela e querida Fortaleza.
#fortaleza285anos Parabéns Fortaleza!
Alexandrina Mota
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