terça-feira, 27 de setembro de 2011

ABORTO EM DEBATE


Por

Rebeca Mota Brito

Graduanda em Ciências Sociais na Universidade Estadual do Ceará


Num País extremamente religioso como o Brasil debater a legalização do aborto é praticamente um tabu. Esse estigma social em torno do tema é fruto de um processo histórico de criminalização da mulher, controle da sua reprodução e negação do seu direito ao corpo.
Um estudo realizado pela Pesquisa Nacional de Aborto (PNA) em 2010 revela que mais de uma em cada cinco mulheres entre 18 e 39 anos já fizeram um aborto no Brasil, o que me leva a questionar: Quem não fez ou conhece alguém que já fez um aborto?
Embora o aborto inseguro seja a terceira maior causa de mortalidade de mulheres no Brasil, a população pouco conhece desses números e o debate fica centralizado em idéias religiosas e moralistas que muito questionam o direito a vida do feto, mas que desconsideram a condição social da futura mãe, as dificuldades que passa (tanto materiais: em poder fornecer as necessidades básicas, como subjetivas, psicológicas), seus projetos para o futuro; se sofre violência dentro de casa, se sequer desejou uma criança ou esta apenas cumprindo um processo natural obrigatório de cada mulher: ser mãe. Idéias que servem como mecanismos de controle, manutenção e reprodução do machismo e da opressão a mulher em sociedade.
A reprodução feminina é um direito individual de escolha, é o direito de cada mulher decidir se quer ou não ter filhos, quantos quer e em que momento da vida. É ter acesso a informações e métodos que possam lhe dar o controle sobre a maternidade e o direito ao seu corpo sem nenhuma forma de imposição.
Afirmar que com a legalização as mulheres vão abortar de forma irresponsável é tratá-las como seres incapazes de tomar decisões, incapazes de poder pensar sozinhas, precisando sempre do tutelamento de um homem, é ignorar ainda uma realidade: que milhares de mulheres morrem todos os dias vítimas de abortos inseguros. O aborto não é uma decisão tomada levianamente, é uma decisão difícil e brutal (para a própria mulher) que precisa ser respeitada. É uma questão de autonomia feminina e de saúde pública. Além disso, os números mostram que em todos os países onde o aborto foi legalizado não ocorreu um aumento dessa prática, muito pelo contrário, houve uma diminuição, pelo fato do aborto, ao ser considerado questão de saúde pública e não caso de policia, veio acompanhado de uma eficiente política contraceptiva.
É necessário que sejam promovidos debates francos sobre o tema, que tratem de fato da realidade do nosso país, em que de acordo com o Ministério da Saúde, uma mulher morre a cada dois dias em decorrência de aborto inseguro, a maioria jovens, negras e pobres que não tem dinheiro para pagar um “procedimento” numa clínica, e tem que recorrer a remédios que podem causar sérios danos a saúde, ou aos açougueiros que movimentam a indústria clandestina do aborto. O aborto já é legalizado para as mulheres ricas, pois podem pagar por uma cirurgia simples e segura em uma clinica especializada. Já as mulheres pobres têm de se submeter a abortos em condições insalubres, que geralmente resultam em várias complicações, porém pelo fato do aborto ser ilegal, estas não podem procurar socorro médico nas redes publicas, pelo fato de poderem ser presas. Desta forma, a criminalização do aborto no Brasil só tem servido para levar à morte milhares de mulheres pobres, que não precisariam morrer se pudessem fazer tal “procedimento” em condições seguras pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
ENQUANTO ISSO...
Tramitam no Congresso dois projetos de lei que, se aprovados serão um duro ataque aos direitos das mulheres. Um deles é o Estatuto do Nascituro que impedirá a realização de abortos até em casos de estupro, oferecendo pensão alimentícia à criança; e outro é o projeto que defende a obrigatoriedade do cadastramento de gestante no diagnóstico da gravidez, obrigando-a a ter sua vida reprodutiva vigiada.

Para aprofundar o debate:
http://catolicasonline.org.br
http://frentepelodireitoaoaborto.blogspot.com/
http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/aborto_e_saude_publica_vs_preliminar.pdf

domingo, 25 de setembro de 2011

Waldonys Ensinando Como se Toca Arcordion

эволюция женского образа в веках



a evolução do penteado feminino...

Patrimônio afetivo

Zenilce Vieira Bruno - Psicóloga, sexóloga e pedagoga

Vivemos em uma cultura muita preocupada com acúmulo de seus bens, organização da vida, agenda lotada, relacionamentos adultos racionais, e com o olhar direcionado para um futuro tranquilo com patrimônio garantido. Haverá lugar para a vivência significativa do afeto para essas pessoas que têm tanta pressa e não sabem realmente para onde vão?

Somos todos carentes de dar e receber afeto, por isso penso ser tão difícil armazená-lo. Mas alguns conseguem e até se enaltecem disso; são donos do sentimento, não podem perdê-lo: “é meu, não dou, não troco, não negocio”. E caminham pela vida com esse sentimento guardado num cofre, ignorando que se não for retroalimentado deixa de ser sentimento. A necessidade de acumular se tornou tão enlouquecedora que até o afeto é um patrimônio, e assim o sendo não posso perdê-lo.

Penso no valor que é inerente aos projetos que fazemos de ser feliz. Há uma intenção que estrutura positivamente a busca e facilita frente à vida e ao que dela pretendemos, embora nem sempre seja possível realizar o que se tem em mira.

Creio que a luta amorosa tem também essa dignidade, esse sentido que lhe é inerente, mesmo que não se alcance o cume da experiência. Acredito que perdemos tempo quando esperamos o amor. Não encontramos o amor em si, mas razões para amar. E estas razões estão em nós e a nossa volta, mas frequentemente não as vemos ou não as percebemos. Limitamo-nos a pensar que está guardado em algum lugar.

Não podemos é nos deter no “que seja pelo resto da vida”, porque na verdade o resto da vida é tudo aquilo que se vive ao final de cada etapa. Assim atravessamos muitos “restos da vida”, porque as vidas se sucedem de restos que nascem desses finais. Na trajetória amorosa, queremos, como em tudo, a felicidade. Mas ela não é previsível, não é controlável, não a possuímos. Dela não nos apropriamos. Ela não é do tamanho do nosso cofre. Ela é sempre maior.

Necessitamos encontrar aquilo que une, que vincula, que funde com o outro, que garante crescimento na arriscada aventura da partilha amorosa. Precisamos ter a quem dedicar afeto e com quem possamos partilhar o sentido encontrado para a vida. O afeto precisa ser correspondido, precisa dessa partilha para desenvolver-se. A privação afetiva é exatamente muito nociva porque nos impede de ousar, de descobrir e utilizar o melhor de nós próprios.

Talvez esse texto seja um daqueles que tem endereço certo: é para alguém que está de mudança e se despedindo. A ambivalência se apossa do momento, a dor do deixar partir e o prazer de se deixar doar.

Embora viva conosco, assim como os filhos, o amor não nos pertence. No entanto, teremos de reinventá-lo para não ficar na nostalgia e viver o passo seguinte da vida que continua. Faço minhas as palavras de Frejat: “Desejo que você tenha a quem amar e quando estiver bem cansado, ainda exista amor pra recomeçar”.

Fonte: Jornal O POVO 24.09.2011

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

O forró no Brasil – contextualização histórica

No século XVI (chegada de portugueses em terras brasileiras), quando ocorre o encontro dos diferentes povos, de diferentes nações, algo de fato acontece à formação cultural brasileira. Ocorrerá cá nestas terras, o nascimento de uma identidade cultural sincrética que perpassa até os dias atuais.
“Surgimos da confluência, do entrechoque e do caldeamento do invasor português com índios silvícolas e campineiros e com negros, uns e outros aliciados como escravos” (RIBEIRO: 1995, p. 19).
A vocação musical dos índios que aqui estavam, era expressa não só no seu jeito de tocar, mas também na sua forma de dançar. Os portugueses tratam de “reeducar” estes primeiros povos pela catequese dos Jesuítas dentro dos aldeamentos onde os índios aprendiam a tocar flauta, viola e pandeiro.
Posteriormente, chegam os negros africanos com a sua ginga, o seu requebrado sensual e suas batucadas. A cultura nossa de cada dia inicia-se da junção dessas três culturas distintas.
No século XIX, após a chegada da corte de D. João VI, a cultura era associada ao conhecimento que algumas pessoas ditas “cultas” acumulavam ao longo da vida e também associada às artes de origem européia (pintura, literatura, música, teatro).
Devido a esta concepção de cultura, o Estado, durante o Império e a República Velha, criou instituições que excluíam mais ainda as expressões culturais da população indígena, negra e mestiça. Estas expressões eram classificadas pelos grupos dominantes como folclore, o que de fato soava negativamente. Durante este período da história brasileira, o Estado atuava, em temos culturais, como mecenas de artistas e intelectuais talentosos que surgiam. Obviamente eram beneficiados apenas aqueles cuja arte era de influência européia.

Estudiosos há tempos vêm se preocupando em decifrar esta manifestação cultural popular denominada de forró:
A primeira, quanto á palavra "forrobodó" (termo africano) foi conceituada pelo folclorista potiguar Luis da Câmara Cascudo, que significa: arrasta-pé, farra, confusão, desordem. Outros ainda tentaram decifrar este termo, mas sem concretude. Uma segunda teoria sobre a origem da palavra está associada à expressão da língua inglesa for all que quer dizer para todos. For All eram nomes colocados em placas nas portas dos bailes promovidos pelos ingleses no início do século XX. Estes eram engenheiros britânicos que vieram trabalhar na construção da ferrovia Great Westem em Pernambuco. Estes bailes eram abertos ao público. Como os nordestinos também participavam destes e não sabiam pronunciar a palavra original, então chamavam “forró”. A terceira versão substitui os ingleses pelos estadunidenses e Pernambuco pela Natal do período da Segunda Guerra Mundial, quando uma base militar dos Estados Unidos foi instalada nesta cidade. Boa indicação para que se tenha um maior conhecimento desta base americana é o filme: For All - o trampolim da vitória (1997), sob a direção de Luiz Carlos Lacerda e Buza Ferraz.

Na quarta versão apregoa-se que o termo forró já havia sido mencionado antes mesmo da segunda guerra mundial (1939-1945). Em 1937, cinco anos antes da instalação da referida base em Natal e Pernambuco, a palavra "forró" já se encontrava registrada na história musical da gravação fonográfica de “Forró na roça”, canção composta por Manuel Queirós e Xerém no referido ano. Xerém representava as origens caipiras através do traje, do chapéu de palha ou de couro. Cantava, dançava, fazia composições, desenhava, construía instrumentos musicais e gravou mais 40 discos 78 RPM. Nascido na cidade de Baturité – CE em 1911, Xerém fez shows em todo Brasil e faleceu no ano de 1982 aos 71 anos de idade na cidade do Rio de Janeiro.

Uma quinta e ultima versão talvez seja a designação mais coerente para o forró:
“O forró diferentemente dos diversos gêneros musicais brasileiros, tem data, hora e local do seu nascimento, assim como o nome dos pais, certo e sabido. O parto começou às quatro e meia de uma tarde de agosto de 1945, na Avenida Calógeras, no escritório do advogado Humberto Teixeira, no centro do Rio de janeiro, antiga Capital Federal. O trabalho de parto só findou lá para a meia noite, quando vieram ao mundo Asa Branca e Baião.” (ÂNGELO, 2006, p. 92).


É significativa esta explanação, para abrirmos um diálogo entre as várias vertentes e nos prender ao que de fato estar enraizado como forró até os dias atuais na figura do artista Luiz Gonzaga e do significado explicitado da música regionalizada (forró) àquela veiculada pelo folclorista Câmara Cascudo, forró como bagunça e desordem.



O forró coladinho, rala-bucho, rala-coxa; é xote, baião, xaxado, côco, marchas juninas... riqueza de gêneros da música nordestina.





Por FRANCISCO DAVID DE MORAIS FURTADO
Professor de geografia, personal dance, membro da ASPRODANÇA e da Associação Cearense do Forró.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

KBRA DA PESTE

Não tem como não admirar os meninos do Kbra da Peste no palco! Apesar da pouca idade, estes jovens sabem exatamente a que vieram.
Com a musicalidade no sangue, herdada do pai baterista e da mãe pianista, Matheus, Thiago, Roberto Júnior (Bebeto) e Jonathan fazem questão de mostrar em seu trabalho, a mais forte expressão cultural do nordeste: o forró.
O caminho musical destes grandes garotos vem de uma persistente história de amor com a música, que se iniciou quando seus pais lhe presentearam com uma sanfona, um zabumba e um triângulo.
A banda teve início como uma brincadeira, tocavam em reuniões familiares, até terem a primeira oportunidade de se apresentarem em público, na casa de shows “Lampião de Maria Bonita”. A partir dai resolveram encarar a banda com profissionalismo, tendo sempre em contrapartida o reconhecimento e aceitação do público, bem como dos profissionais ligados ao segmento.
Em 2006 a banda foi eleita revelação do ano pelo programa forrobodó. Em 2008 representaram o Ceará na mostra Brasil Nordeste (São Paulo) e na Festa do Peão de Boiadeiro (Barretos-SP).
Apesar de muito trabalho, nunca deixaram de estudar e os quatro são universitários.
Com sete anos de estrada, a principal característica do Kbra da Peste é fazer um som de qualidade, passeando por precursores da música nordestina, indo até nomes que fazem o forró hoje, incluindo em seus shows músicas autorais. A irreverência é uma das características marcantes da banda.
Através de muito trabalho e dedicação, a banda vem ganhando espaço no mercado. Estes meninos vão dar muito que falar.
E para me deixar mais encantada são torcedores do meu #Vozãodocoração #CearaSC