sábado, 6 de dezembro de 2014

A MULHER NA POLÍTICA


Há poucos dias li o livro “Discurso político no folheto de cordel”. A professora Claudia Rejanne Pinheiro Grangeiro analisou o discurso religioso e o discurso sobre a mulher candidata Íris Tavares (PT) contidos em folhetos de cordéis que marcaram a campanha política de Juazeiro do Norte-CE em 2000.

Qualquer semelhança com o que ocorreu na campanha com a presidenta Dilma Rousseff em 2014 não é mera coincidência... só lembrarmos que Maria Luiza Fontenele CE, Luiza Erundina SP, Marta Suplicy SP, Ana Júlia PA, Luizianne Lins CE e outras mais que foram vitimas do mesmo processo de desqualificação.

Esse livro me levou a refletir através da análise do discurso político religioso e sobre a mulher, realizada pela autora Cláudia Rejanne, em especial sobre a mulher candidata.


Impressiona como a fórmula de desqualificação se repete; seja na xilogravura do cordel que atacava Iris, seja nas charges contra Dilma, um dos métodos utilizado é a derrisão onde ridiculariza através do humor agressivo, além das diversas manifestações explícitas de intolerância, preconceito e ódio.

O discurso ideológico misógino (o incômodo com a palavra presidenta), anticomunista (as citações com URSS que nem existe mais), além das injúrias e insultos (xingamentos de vaca, anta...etc) relacionam-se entre si num processo ininterrupto de desconstrução inclusive após as eleições com Dilma vitoriosa por escolha do povo brasileiro.

A perseguição relacionada a aparência física ou ao “jeito de andar” tachando de não ser feminina, associa a gordofobia e machismo, a lesbofobia para ofendê-la.

O tom desrespeitoso e irônico do candidato adversário (Aécio) chamando-a de mentirosa e leviana, em tom intimidador nos debates durante a campanha e a incitação ao ódio nas intervenções no Congresso Nacional pós-eleições nos deixaram cientes da luta diuturna a ser travada.

Nós, mulheres cearenses, nordestinas, brasileiras que acreditamos num país livre do machismo, da misoginia, da violência contra a mulher e do ódio, fazemos eco a Marcha Mundial das Mulheres: “Seguiremos em marcha até que sejamos livres”

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