segunda-feira, 10 de outubro de 2011

PARTO NATURAL OU CESARIANA?

Tenho participado de grupos de gestantes na área de adscrição do NASF em que trabalho discutindo diversos temas ligados à gestação e ao parto. A temática das vantagens e desvantagens de cada tipo de parto reportou-me ao nascimento de minhas duas filhas, ambas de parto vaginal.
Convicta defensora do parto normal (vaginal) pela rápida recuperação, ausência de dor pós-parto que possibilitou tranqüilidade e favoreceu a lactação bem como a participação ativa no nascimento, tive a felicidade de parir por duas vezes como sempre desejei. Ressalto que a grande confiança no meu queridíssimo obstetra Dr. Aluízio Soares, parteiro extremamente habilidoso facilitou muito.
Não entendo por qual motivo hoje esse tipo de parto só é majoritário entre as mulheres com baixo poder aquisitivo que não dispõem de planos de saúde ou dinheiro para pagar particular. A prevalência do parto cesariana é arrasadora entre usuárias de planos de saúde, e até mesmo entre mulheres da área de saúde. Mesmo cientes do risco de morte da mãe bem mais elevado, do dobro de tempo na permanência hospitalar, além do risco de infecção e hemorragia, a cada ano a escolha por esse tipo de parto aumenta. Para o bebê, maior risco de ter desconforto para respirar após ser extraído.
Por outro lado, acho que a mulher tem o direito de escolha e lamento que muitas que desejam realizar uma cesariana não conseguem.
A medida que o tempo passa, essa diferença aumenta ao ponto do parto normal no Brasil ser “coisa de mulher pobre”.
Hoje é difícil encontrarmos médic@s que se disponham a acompanhar um parto normal. A grande maioria prefere marcar dia e hora e antecipar o nascimento das crianças mesmo que mãe e filho estejam saudáveis e em plenas condições para o parto vaginal.
No Serviço Único de Saúde estimulamos as mães ao parto natural, porém as mesmas não tem o direito de escolha usufruído pelas parturientes do Sistema Suplementar.
Oxalá todas as mulheres conquistem o direito de parir com segurança e da forma desejada!

2 comentários:

  1. Alexandrina Você está de parabéns por esse texto tão educativo. Seria muito interessante que nossas crianças não sofressem logo ao nascer um trauma tão grande que é o cesariana.

    Um abraço,

    Zé da Legnas

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  2. Querida Dina.
    Gostei de sua cronica, não pelo elogio carinhoso que acolhi com certa vaidade, mas, pelo assunto em pauta. Alguns pontos gostaria de assinalar:
    1) Nunca a máxima "faça o que digo e não faça o que faço" se aplica mais do que nessa área da Medicina. Todos os professores ensinam "assistência ao parto normal" e com raríssimas exceções não exercitam na prática clínica.
    2) Tenho visto que as estatísticas no chamado Primeiro Mundo, ainda referem uma predominancia de partos vaginais, mesmo naqueles países que processam os médicos por qualquer motivo e os armam de seguros, encarecendo a intervenção.
    3) A tecnologia, as sub especialidades, a informação deformada, a interferencia dos meios de comunicação, influenciam na conduta da nova geração de obstetras. Quero dizer, que a frieza de um transdutor no abdome de uma gestante, substitui o calor das mãos que apalpam. Ficou na poeira do tempo, a idéia de que o feto sinaliza a hora de nascer... A Neonatologia se desenvolveu de tal forma que o conceito da abortamento modificou de 1000gramas para quinhentos gramas e está baixando até à "proveta". A anestesia que poderia ser feita durante um trabalho de parto, como encareceria mais, pelo tempo gasto, fica presa à cesariana... Enfim, pra não me estender muito, lembro que até a Segurança interfere para que os doutores se desloquem pelas madrugadas.
    Acho que ainda não há um estudo bem acreditado e comparativo de toda população dos récem nascidos de cesárias a pedido ou indicadas pela agenda do profissional, com aqueles nascidos no devido tempo da gravidez...
    4) Por fim, o tema polemico a respeito do corpo da mulher. Creio que ela tem o direito de se submeter a qualquer intervenção, consciente da balança riscoXbeneficio. Mas, quando existe um terceiro que no seu silencio intra uterino , não pode opinar? Isto, minha cara amiga, foge do conceito de abortamento, de credos religiosos etc....
    Reforço meus parabéns e peço desculpas por este comentário extenso, mas que não esgota o tema. Aluizio

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